Pesquisa do Data Zap+ indica que mulheres sem filhos preferem morar em apartamento padrãoFreepik

No mês das mães, a coluna trouxe alguns dados interessantes que comprovam que as mulheres têm participação determinante na compra ou na locação do imóvel. Pesquisa do Data Zap+ revela que 62% das buscas de moradia com estas finalidades, em 2022, foram realizadas por elas. Por segmento, a locação saiu na frente com 67% de interessadas. Já para aquisição, o percentual foi um pouco acima de 50%. Ainda segundo o estudo, a média de idade da mulher é de 48 anos. Outro dado é que cerca de três em cada quatro mulheres estão em busca de um imóvel usado para comprar. Desse universo, se destacam a procura por apartamento padrão, casas de rua e em condomínio, além de estúdios/quitinete.

Segundo Taiane Martins, gerente de Inteligência de Mercado do DataZAP+, o público feminino, que compreende 51% da população brasileira, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), tem conquistado protagonismo em diversas esferas sociais. Uma delas é a área imobiliária. “Neste segmento, observamos que, além da forte presença das mulheres em relação à busca por imóveis, elas também se destacam como tomadoras e influenciadoras da decisão de comprar ou alugar uma casa ou apartamento. O que identificamos na pesquisa é que esse público tem uma predisposição maior pela busca por apartamento padrão, sejam locatárias (55%) ou compradoras (39%). A partir dessa informação, fica claro que o mercado imobiliário pode ampliar as oportunidades de negócios ao olhar com atenção para esse público e seu comportamento”, observa Taiane.

Com relação às motivações, a principal está nas características, pois elas desejam imóveis com itens como vaga de garagem, quintal e varanda, entre outros. A segurança da região também é prioridade assim como o lazer. Neste último caso, as compradoras indicaram principalmente churrasqueira e piscina externa, além de academia, salão de festas e espaço gourmet. Do total de 7.623 entrevistadas, 5.104 são locatárias e 2.519 são compradoras.

A executiva complementa que, para as mulheres compradoras, o interesse por apartamento padrão é maior entre quem não tem filhos (44%) do que entre quem tem (37%). Casa de rua (fora de condomínio) tem sido mais buscada por mulheres com filhos (35%) versus sem filhos (30%). Já entre as locatárias, a pesquisa por apartamento padrão é maior por mulheres sem filhos (63%) do que por quem tem filhos (48%). Assim como ocorre no perfil comprador, casa de rua (fora de condomínio) é mais procurada por mulheres com filhos (35%) do que sem filhos (20%). Em relação à opção casa em condomínio, há diferença também entre as mulheres com filhos (8%) e sem filhos (4%).

Em outro levantamento, desta vez da ADN Construtora, feito recentemente com as mulheres que adquiriram seus imóveis, traça os atributos mais buscados e valorizados pelo público feminino: elevadores, sacadas ou varandas, vagas de garagem, acessibilidade e localização, além de opções voltadas para o conforto e segurança como loja de conveniência autônoma dentro do condomínio e portaria 24 horas. A decisão por morar em apartamento também aparece na pesquisa da empresa. Para elas, a segurança deste tipo de imóvel está em primeiro lugar. A praticidade e a otimização do espaço também aparecem.

Decisão final é da mulher

Claudio Hermolin, presidente do Sinduscon-Rio (Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado do Rio de Janeiro), concorda. "Nossas pesquisas mostram que na esmagadora maioria das jornadas de compra e aluguel de imóvel, a palavra final nessa decisão é da mulher”, diz Hermolin.

Mariliza Fontes Pereira, CEO da Rio8 Incorporações, empresa que atua no Rio de Janeiro e em São Paulo, complementa que o empoderamento feminino também está contribuindo financeiramente para a compra do imóvel. “As mulheres sempre tiveram o poder de decisão, mas muitas vezes elas não contribuíam financeiramente. Hoje não tem isso porque ela vai dividir com o companheiro essa aquisição. Vale lembrar que no programa Minha Casa, Minha Vida, a Caixa prioriza a mulher como primeira compradora no contrato de financiamento para protegê-la no caso de uma possível separação, já que a mulher costuma ficar com os filhos. É um lado social”, explica Mariliza.

Hermolin finaliza com outro ponto importante: mesmo com a participação menor do que a dos homens no mercado imobiliário, esse crescimento vem acontecendo em diversas áreas. “Hoje, é muito mais comum termos mulheres liderando empresas de construção, de incorporação e, principalmente, de intermediação. Ao longo do tempo a participação feminina tem se tornado cada vez mais relevante no mercado imobiliário e na construção civil em todas as áreas ligadas direta ou indiretamente ao setor como arquitetas, advogadas e projetistas", ressalta Hermolin.